segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tuy


O nome do município foi dado pelos romanos como Tude, e foi mencionado pelos escritores Estrabão e Ptolemeu. Durante o período visigodo, Tui foi uma das sés do pequeno reino da Galécia (actualmente correspondente à diocese de Tui-Vigo). Foi depois capital de uma das sete províncias do antigo Reino da Galiza até 1833.

Hoje o centro do município fica perto da Loja de São Telmo. No alto do montezinho, a catedral preserva o período românico no seu vestíbulo principal, e o período gótico no seu vestíbulo ocidental.
Devo confessar, que tinha estado algumas vezes em Tuy, mas quando fiz o caminho de Santiago, fique espantado com toda esta zona histórica. Passando por estas ruas e calçadas, pode apreciar com pormenor toda a traça dos edifícios e principalmente a sua catedral. Como ainda estamos no começo da nossa caminhada, estando cheios de vigor e entusiasmos, somos levados a perder um pouco mais de tempos nos detalhes fotográficos. Esta etapa é tranquila, o desnível do seu percurso não é muito acentuado, tirando uma recta de cerca de três quilómetros na zona industrial, que parece não mais ter fim, todo o resto é encantador.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

De Amorosa a Valença


Pelas seis e trinta e quatro minutos, partimos já depois de carregada a carrinha, com as bicicletas e as mochilas de todos. Como não podia deixar de ser, partimos com um pequeno atraso de trinta e quatro minutos. Este atraso deveu-se aos dorminhocos do costume às meninas Lena e Ana, à Luísa e ao Zé. O Domingos e a Terezinha chegaram a faltar um quarto para as seis, pontualidade britânica. Iniciamos a marcha para Valença, pois lá já se encontravam o Paulo e a Paula, estes foram lá ficar de véspera, pois tinham muito para se confessar, grande são os pecados, maior será a penitência. Pelas sete e vinte minutos, chegamos ao ponto de encontro em Valença, a Estação de ferroviária, onde se carimbaram as credenciais, para darmos início à nossa caminhada.
A respectiva fotografia da praxe, e a reunião de todo o grupo. Como tivemos uma saída de casa atribulada, fomos ainda tomar o pequeno almoço, para nos dar energia na nossa longa caminhada. Esperava-nos uma marcha longa e para o primeiro dia teríamos de dosear as nossas forças, para atingir os objectivos a que nos tínhamos proposto. Assim começamos esta aventura, de uma forma descontraída e animada, deixando a ideia de que seria um grupo bastante unido, com elevado sentido de entreajuda e camaradagem. No entanto, a tarefa que tínhamos pela frente era muito pessoal. Cada um de nós, teria de percorrer aproximadamente cento e vinte quilómetros, o que torna desde logo este percurso muito pessoal, independentemente do número de pessoas que parte desse grupo.

A HISTORIA DE SANTIAGO

Comentário

O apóstolo Tiago, após a crucificação de Jesus, pregou o evangelho na Galiza, região que aprendeu logo a amar.
De regresso a Jerusalém, foi decapitado pelo Rei Herodes, e seus restos mortais, foi jogado para fora das muralhas de Jerusalém. Dois de seus discípulos, Teodoro e Atanásio, recolheram seus restos e os levaram de volta ao ocidente de navio, aportando na antiga cidade de Iria Flávia, na costa oeste espanhola, sepultando-o secretamente em um bosque de nome Libredón. O lugar foi esquecido até que oito séculos depois, um ermitão chamado Pelágio começou a observar um estranho fenómeno que ocorria neste mesmo lugar: uma verdadeira chuva de estrelas caía todas as noites sobre um ponto no bosque, emanando uma luminosidade intensa. Avisado das luzes místicas, o bispo de Iria Flávia, Teodomiro, ordenou que fossem feitas escavações no local encontrando, assim, uma arca de mármore com os ossos do santo.
A notícia correu mundo, lançando uma legião de cristãos a peregrinar até Santiago de Compostela, cidade que se formou nesta região. Também segundo a lenda, em Padron encontra-se a pedra onde foi amarrada a embarcação que transportou o apóstolo Tiago.
Segundo a lenda a palavra Compostela, provém de um campo de estrelas,
Desde então, multidões de peregrinos anónimos vêm percorrendo este caminho mágico, o único no mundo que não se formou por motivos comerciais. Vários daqueles que deixaram o nome na história, como Carlos Magno, El Cid, São Francisco de Assis, Fernão de Aragão e Isabel de Castela, também percorreram o caminho.
Ainda hoje, estes caminhos são percorridos por pessoas de todas as classes sociais e intelectuais. Quem percorre este caminho, fica apaixonado pela sua beleza e, toda a envolvência mística que nos absorve espiritualmente. Este grupo dos “Magníficos” assim baptizado por mim, é composto por o Fernando, José, Amadeu, Carlos, Domingos, Lenita, Ana e Paula.

INICIO DA AVENTURA

Reflexão
Esta aventura, foi amadurecendo no seio da família Ramos. Desde há três anos que com mais ou menos elementos temos feitos estes caminhos Santos. Digo caminhos porque já são dois diferentes que se fizeram. Começamos como é natural pelo caminho português, no primeiro ano, no segundo fizemos o francês e por fim, por maioria repetimos o português na medida em que, se introduziram novos elementos e por vontade destes, o português era o preferido. Sendo assim, e para os repetentes era indiferente fazer um ou outro caminho, pusemos mãos à obra. Tenho de deixar aqui, um relevante elogio, pelo menos a estes dois caminhos que eu conheço. Para além da sua beleza natural, e patrimonial, que encontramos, é enriquecedor sob o ponto de vista cultural e espiritual. À medida que palmilhamos o caminho, somos envolvidos por um certo misticismo, e quanto mais se avança e as dificuldades vão sendo maiores, a nossa envolvência espiritual é chamada para nos ajudar a conseguir o nosso objectivo. Por mais ateus ou agnósticos que sejamos, quem se propõem a realizar esta caminhada, vai com certeza, e em determinado momento de dificuldade, pedir, porque não a Santiago, para lhe dar forças para ultrapassar as vicissitudes, que se encontram ao longo das etapas até à Catedral. Chegados a esta, é um momento de enorme emoção, um turbilhão de sentimentos indescritíveis, de quem viveu tamanha aventura. Dará com certeza bem empregue todo o sacrifício porque passou. Se não fosse assim, não valeria a pena o desgaste físico e psicológico durante os dias desta longa caminhada.
Tenho de deixar aqui a todos os peregrinos, um bem hajam pela entreajuda que manifestaram uns pelos outros, estabelecendo um relacionamento ímpar entre os oito magníficos, durante estes dias, vividos intensamente.
Também não posso deixar de agradecer, o empenho da minha esposa Augusta, da Terezinha, esposa do Domingos um dos magníficos, e por fim da Luísa esposa do Zézito. Estas senhoras proporcionaram-nos um maravilhoso repasto, na nossa primeira etapa. Devo confessar que foi com muita pena que se despediram de nós. Seria sua vontade sem duvida poderem-nos acompanhar ao longo desta maratona. Desta vez não foi possível mas quem sabe, para uma próxima oportunidade, nos brindarão com a gentileza da sua presença. Para elas muito obrigado, pela dedicação demonstrada